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VISITA DE ESTUDO AO ALENTEJO – SECUNDÁRIO (HISTÓRIA E GEOGRAFIA)

Escrito por Webmaster. Publicado em Escola Secundária de Esmoriz

Foi já em Abril – 9 e 10, na primeira semana de aulas, que os alunos do Secundário, de História e Geografia, foram ao Alentejo. E no Alentejo diz-se que «é tudo devagarinho» mas não foi esse devagarinho que explica este atraso. Apenas, «porque sim!» e esta expressão também é muito portuguesa.

E este é o nosso testemunho de mais uma visita ao Alentejo profundo onde procurámos calcorrear todas as eras históricas entrecortadas com as paisagens que nos desafiavam. Era passar dos manuais e das nossas salas de aula para um vasto mundo onde os horizontes nos procuravam cativar. O apelo ao saber procurava-se, o desafio era uma constante e o nosso “ego” activado perguntava: quem me está a chamar?

Aos poucos fomos chegando junto da escola a horas a que não estamos habituados; só que as portas já estavam abertas, mas não para nós. Outras gentes e outras tarefas, portanto. Depois o autocarro e a ordem para entrar. E iniciar a viagem… até à primeira paragem: «Estação de Serviço da Mealhada». Era necessário buscar forças e acordar para aprender. É que AMMAIA vinha a seguir. E que grande desafio: como será aquele recanto daqui a uns anos quando as equipas universitárias, ali em funções, a trouxerem à luz do dia? Quem vai identificar aqueles vestígios clássicos que o tempo sepultou? Atentos, uns mais outros menos, o nosso guia, depois de uma visita/explicação pelo núcleo expositivo, levou-nos até junto da porta sul daquele município romano que a Marvão alcantilada e escondida no nevoeiro acabou por ocultar durante séculos.

Depois, bem, depois o almoço chamava por nós. E onde? Vila Viçosa ainda estava tão longe e por isso acabamos por, nas faldas de Portalegre, quase «acampar» para almoçar. E até houve tempo e espaço para uma passeata no Continente local.

Só depois VILA VIÇOSA. O tempo encurtava, a distância era ainda longa e… a tolerância para o nosso atraso abanava. O Paço Ducal estava à nossa espera e a visita fez-se em dois grupos. Rápida, porque quem comanda é o guia e o tempo urge. Outros estavam na fila e aguardavam a nossa saída. Vantajosa? Desafiadora? Apelativa? são questões que a cada um compete responder. Um primeiro contacto estava feito e isso constituía a essência. Novas oportunidades virão, talvez já com outros saberes e outras curiosidades. E novo destino a que se devia acorrer, o Castelo de Vila Viçosa. Calcorreámos apressadamente, e mais ou menos em grupo, para não nos perdermos nem perder ninguém. Primeiro, o Museu da Caça: muitas armas e muitos animais que nos olhavam e encantavam ou amedrontavam ou… porque é que o homem mata tantos animais?! A ecologia, a preservação das espécies, também a intrometer-se entre alunos de Línguas e Humanidades, afinal também cidadãos. Depois, o Museu de Arqueologia onde tantos vestígios da acção do homem tanto nos deviam desafiar, situando-nos noutras eras históricas de tantos povos ou gentes. Verdadeira aula de História “ao vivo” que tantos dias nos ocuparia a atenção e desafiava saberes que a nossa escolaridade nos proporcionara. Muitos objectos, uns muito remotos no tempo, outros mais recentes, mas dezenas de séculos a separar-nos.

E, logo depois, um momento alto da História de Portugal. Se a revolução em Lisboa em 1 de Dezembro de 1640 proporcionara a Restauração, esta nova demorara a chegar três dias a Vila Viçosa – hoje, um simples TM mostrava-o em directo; foi seis anos após a sua aclamação como rei que D. João IV colocara a coroa régia na cabeça daquela imagem de Nossa Senhora da Conceição, naquela igreja onde entrámos desordenados e a correr. Era a História que também nos fugia quando voltámos ao Terreiro do Paço que se estendia frente ao Paço Ducal. Aquela estátua equestre de D. João IV observava-nos e questionava-nos também: “Caros amigos, a História é de todos os tempos e conhecer a nossa História pátria é amar Portugal!”

Havia que seguir para ÉVORA, a “Liberalitas Julia”, o nosso destino para uma noite que nos fizesse despertar para um novo dia, muito intenso. Apesar da chuva que começou a cair, às vezes copiosamente, lá nos distribuímos uma vez chegados, mesmo no sopé do ponto alto de Évora... Tema de conversa, sobretudo, o exíguo das WC. Valia-nos a calmaria reinante. Seguia-se o jantar na cantina da Universidade a que devíamos acorrer, pois o tempo impunha e a chuva travava. Mas, querendo passear entre a chuva para nãos molharmos, íamos ao repasto. Mesmo molhados encontrámos o calor e a avidez da refeição. Nem nos proporcionaram a ementa! Há momentos assim, vale mais o que há que o que se pretende. Foi o que se nos proporcionou e talvez também constitua um sonho ou ambição: será que vou ter de frequentar este espaço em anos futuros na minha formação académica?

Só que a chuva persistia e o nosso passeio por uma Évora nocturna “era uma vez”. Tinha de ficar para outra oportunidade. Por isso, recolhemos aos nossos aposentos. E a «movida» prolongou-se até quase de madrugada.

Não, não houve alvorada ao som do clarim! Mas, atempadamente, todos estávamos a tomar a primeira refeição do dia: café e leite, pão, doce, manteiga e … até sumo de limão. Havia que buscar forças e boa disposição, antes de partirmos para uma urbe que nos devia absorver culturalmente. Ficam as fotos, a observação do Templo Romano, o questionar o arco da porta da Sé e aquelas ruas com tantos documentos materiais da história. Até ao Giraldo onde se preparava uma feira e desfilou um grupo de acrobatas e músicos a caminho da feira medieval, instalada na cidade, nestes dias. Naquela animação de tanta gente que se cruzava em todas as direcções, também as muitas montras coloridas e tão variadas apelavam à nossa atenção. E a História “esquecida” crescia. O tempo impunha-se e… vamos à procura de uma alternativa a Almendres. A muita chuva que caíra no dia anterior e durante a noite podia atulhar-nos na lama, pelo que a opção foi indicada no Posto de Turismo local: uma visita ao Centro de Interpretação do Megalitismo. E valeu a pena! De facto, a clareza expositiva permitiu-nos visualizar com rectidão aquelas épocas históricas - o Neolítico e a Ebora romana. Magníficas exposições porque muito bem conseguidas e esclarecedoras.

Depois, REGUENGOS DE MONSARAZ onde buscávamos refastelar-nos num almoço por menos opíparo que fosse. Também queríamos comparar as ofertas que as escolas nos oferecem. Mas a paisagem constituiria o encanto dos nossos olhos se o peso das pálpebras não pesasse toneladas em tantos rostos. E a escola secundária esperava por nós. Outra escola, outras instalações, outros espaços… a tal ponto que havia quem quisesse também visitar salas de aula. Pois, a escola fora intervencionada há poucos anos e, de facto, aquele espaço é muito diferente do nosso. Valha-nos o lado humano e educativo, e cultural também, onde podemos ser pelo menos iguais, senão superiores. Lutamos para isso!

Faltava ainda subir a MONSARAZ, olhar o Alqueva, deliciar-nos com aquelas paisagens maravilhosas. Do lado de lá, Espanha espreitava-nos, e pudemos sonhar como foi importante aquele miradouro, qual sentinela sempre alerta, aquando dos tempos da formação da nacionalidade e da consagração da independência. Subiu-se às muralhas imponentes que envolvem a povoação para ver ainda mais distante, passou-se por ruas medievais, no fundo, passeámos pela História. É assim também o desafio das visitas de estudo e a sua essência onde o lúdico nunca pode ser esquecido. E aquele espelho de água entrecortado na paisagem impunha-se-nos. Aquelas águas calmas ligam agora dois povos, dois países e tantas culturas agrícolas e espaços de lazer. Outros tempos… e o tempo impunha o início do regresso.

Apenas mais uma paragem para buscar serenidade e o conforto do físico – Santarém! Faltavam muitos quilómetros a vencer, mas foram ficando para trás. E ficava (?) a recordação de dois dias em que a escola foi diferente: as paisagens que nos fazem/fizeram sonhar acordados e avivar conhecimentos e vestígios da História que programaticamente vamos abordando/estudando… para saber mais. (FFG)

A visita foi organizada e dinamizada pelos professores Alice Leite, Fernando Frazão, Margarida Lourenço e Marina Graça.